domingo, 19 de setembro de 2010

Artigo Cientifico

As conseqüências da utilização do alumínio
Como o processo de produção até o consumo de derivados do alumínio prejudica o meio-ambiente

André Luis Ribeiro Bernal Filho[1]
Bruno Cordeiro de Macedo[2]
Guilherme Yuiti Sikusawa[3]
Igor Luiz Argani[4]
Thomaz Phillip Cousseau[5]
Resumo
O alumínio é um metal que vem sendo utilizado em larga escala em diversos setores da sociedade, isso principalmente às mídias, que levam a população a comprar compulsivamente. Porém o consumidor não tem idéia dos impactos gerados no meio ambiente ao se comprar uma latinha de refrigerante. Através da análise do processo de produção de produtos derivados do alumínio mostraremos como este é extremamente nocivo ao planeta.
Palavras chaves: alumínio, impactos ambientais, consumismo, energia, reciclagem.
Abstract
            Aluminum has been utilized in large scale in various sectors of society, mainly used by the media who drives people to consume compulsively. Although the consumer has no idea of the environmental consequences that are generated by buying one soda can. Through the analyses of the process of production of aluminum derivatives, we will show how extremely pestilent these processes are to the environment.
            Key words: aluminium, environmental impacts, consumerism, energy, recycling.
Introdução
Atualmente, na sociedade gananciosa em que vivemos, o Homem vem cada vez mais caminhando para sua destruição, de modo que pensa apenas em si, se esquecendo de que para sua sobrevivência, necessita do meio-ambiente (natureza). Pois é a partir dela que as indústrias fabricam roupas, utensílios pessoais, embalagens, construções, entre muitos outros, mas utilizando de todo um sistema hierárquico, com uma velha e escassa fonte de energia, o petróleo, sem inovações e sem devidas precauções para com a natureza. A partir desse ponto, resolvemos investigar algo comum no dia a dia das pessoas, algo que de tão comum não passa pela cabeça da população que pode prejudicar o meio ambiente, ou seja, as latinhas de refrigerante, cerveja, etc feitas de alumínio.
Pensando deste modo criamos a pergunta: como os meios de produção das latas de alumínio, envolvendo indústrias, como a Aluvale, podem destruir o meio ambiente?
Tal pergunta se relaciona diretamente com os alguns dos subtemas do II Congresso Virtual Interdisciplinar Marista - Biodiversidade, mais especificamente o subtema 1 (ecossistema e provisão), pois o processo de produção do alumínio gasta recursos básicos como água e energia ao extremo, além de metais, que são materiais finitos, nos levando a pensar sobre por quanto tempo ainda teremos reservas para continuar produzindo-o e sobre reciclar para economizar na produção com o metal, e o subtema 3 (ecossistema e cultura), pois é tratado sobre as possíveis soluções para este problema, sendo essas sempre voltadas para a criação de uma nova cultura mais econômica e menos consumista para as novas gerações por causa dos atuais problemas ambientais.
Escolhemos as latinhas, pois estas são produzidas em grande escala e derivam do alumínio, metal que em seu processo de redução consome muita energia, devido ao método  utilizado para a extração do oxigênio do metal, o processo chamado eletrólise, que seria, basicamente, a extração do metal utilizando a eletricidade.
É uma pergunta muito interessante, pois envolve questões que realmente levam o Homem a pensar o quanto pode melhorar e o quanto pode ser feito para isso. Segundo Luiz Carlos Menezes, físico e professor da USP, diz: “sempre que há uma dificuldade o homem cria soluções para se adaptar”, sendo assim, o homem pode se adaptar a novas formas de produção, que não interfiram no meio-ambiente, além da diminuição do consumismo.
Histórico
O alumínio é, hoje em dia, o metal mais abundante do mundo, ocupando 8,13% da crosta terrestre. Este em si só foi descoberto recentemente, mas sua forma oxidada, a alumina, tem uma história que começa a mais de sete mil anos. Um tipo de argila, usado pelos ceramistas da Pérsia para criar vasos e até mesmo suas próprias casas continha o óxido de alumínio. O uso de substâncias com alumina embutida nelas continuou sendo usadas pelos egípcios, para criar cosméticos e remédios.
Durante milênios, o alumínio puro era desconhecido. Em 1787, cientista Lavoisier provou que, o até então alumínio, era na verdade a forma oxidada do metal, ainda não descoberto.
Em 1824, cientista Hans Christian Oersted conseguiu reduzir a alumina para alumínio, aquecendo cloreto de alumínio com amálgama (liga metálica em que um dos metais é líquido) de potássio. Vários cientistas depois de Christian conseguiram melhorar o processo de redução da alumina. Robert von Bunsen e Sainte Clair Deville conseguiram reduzir a alumina usando eletricidade, a eletrólise. Esse método não foi muito usado, pois não havia até então uma fonte de eletricidade barata. Em 1886, dois jovens cientistas de apenas vinte e dois anos, Charles Martin Hall e Paul Héroult, aperfeiçoaram a técnica da eletrólise (o método Hall-Héroult), depois de Gramme inventar um gerador de corrente contínua, o dínamo. Essa técnica é usada até hoje para produzir alumínio em alta escala.
Dentre as várias funções do alumínio, pode se destacar que é usado para produzir latinhas de refrigerante, utensílios domésticos e em estruturas de naves espaciais e aviões. O alumínio é usado nessas estruturas, pois é um metal leve, tem pouca condutibilidade e o custo da matéria prima é muito mais barato. Além do mais, o alumínio tem uma condutibilidade térmica alta, o que significa que em altas velocidades o atrito com o ar não irá inflamar o avião/espaçonave.
Extração e Redução
O alumínio é basicamente extraído da bauxita, minério abundante em países de clima subtropical. O processo necessário para que se ocorra a obtenção da bauxita se inicia com a mineração, que consiste em remover, de forma planejada, a vegetação, o solo orgânico e a fauna e flora, do local, para que este seja dinamitado.
A seguir, são retiradas as camadas superficiais do solo, como lateritas e argilas, e então se inicia o beneficiamento, que tem o objetivo de reduzir o tamanho do minério, lavá-lo com água (caso necessário) para reduzir o teor de sílica contida na parcela mais fina, e no final é feito a secagem.
 No início, para a retirada do minério, é necessário desmatar toda uma área de mata, assim, além de destruir um ecossistema, gases como o CO2 aprisionado no tronco das árvores é liberado, assim, há o aumento do aquecimento global.
Logo após, temos o transporte de toneladas de minério para a fábrica, que é feito por caminhões ou trens. Os primeiros são movidos por combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, os quais ao serem queimados produzem CO2, e como citado acima, conseqüentemente aumentam o aquecimento global. Já os trens, na maior parte do mundo, têm motores elétricos, assim, necessitam de energia o tempo todo. Esta, na maior parte do mundo é gerada em usinas termoelétricas, que funcionam através da queima de combustíveis fósseis, como o carvão, assim é liberado enxofre e CO2 na atmosfera, aumentando o aquecimento global
Após a mineração, é realizada a refinaria, que é a fase do processo em que a bauxita é transformada em alumina, o mineral que possui o alumínio em grande quantidade. Para tal, o método mais utilizado é a Bayer, que consiste na dissolução da alumina em soda cáustica, seguida da filtração da alumina para separar o material sólido. Depois, o filtrado é concentrado, possibilitando a cristalização da alumina. Os cristais, para que seja retirada a água, são secados e calcinados, e então temos o pó branco, que seria a alumina. Na refinaria, podemos assim dizer, as principais fases são a moagem, a digestão, a filtração/evaporação, a precipitação e a calcinação.
Então, com a alumina já formada, é realizada a redução do alumínio, para que o mineral se transforme no metal alumínio. Para isso, se é utilizado o processo da eletrólise, que é um processo de oxirredução, consiste em separar o alumínio do oxigênio em que ele está ligado, e isso ocorre através da utilização da energia, pois é criada uma diferença de potencial elétrico entre o alumínio e oxigênio, permitindo que eles se separem um do outro. Esse processo é realizado em cubas, sendo que o tempo necessário para que ocorra a eletrólise é, em média, 15 minutos, mas esse número pode variar, dependendo do número de eletrodos e da distância deles uns dos outros, e a tensão de cada um deles varia de 4v a 5v. Porém, apesar da baixa voltagem, o consumo para se produzir 200 gramas de alumínio é de cerca de 400w/h equivalente ao consumo de uma geladeira.
Esse processo de extração do alumínio, apesar de não prejudicar o meio ambiente diretamente, já que não há produção de gases tóxicos nem o despejo de resíduos restantes, é um processo que utiliza muita energia, assim, ocorre o mesmo caso dos trens, aumentando o aquecimento global. Vale ressaltar que 3% da energia elétrica do mundo é utilizada para fabricação do alumínio.
Produção
Logo após a extração do alumínio e da produção das chapas, estas são encaminhadas à fabricas de diversos gêneros de produtos, como latinhas de refrigerante, panelas e portões.
O processo é basicamente o meso em todas as fábricas. Os rolos de alumínio são cortados para que se tenha o tamanho necessário, em seguida são dobrados para se obter a forma desejada. Em seguida os produtos passam por sucessivas esterilizações e normalmente recebem uma camada de verniz para proteger o metal da oxidação.
Embora não haja nenhum tipo de reação química durante a produção, esse processo prejudica o meio-ambiente de forma semelhante a redução da alumina, devido à grande necessidade e energia das maquinas utilizadas. Além disso, o transporte das chapas e o descarte dos restos de alumínio são prejudiciais.
Consumismo
Desde o Industrialismo aos dias atuais, o planeta vem sofrendo com as degradações realizadas pelo Homem em função do consumismo, ou seja, o ato de comprar produtos e serviços sem necessidade e consciência, sendo compulsivo e descontrolado, estimulado pelo marketing das empresas e pelas mídias. O consumismo surge a partir de aspectos emocionais, sociais, e financeiros, como modo de convivência e inclusão social de cada indivíduo, sendo assim, necessitam comprar e comprar gradativamente.
Entre 1950 e 2005, a produção de metais cresceu seis vezes. Atualmente, um americano consome em média 88 quilos de recursos naturais por dia, enquanto um europeu, apenas 43 quilos, sendo estes fatores absurdos, e que nos levam a crer que o nosso futuro só tende a piorar, se nada for feito.
A partir deste ponto, pode-se ressaltar que produtos derivados de metais, no caso o alumínio, são um dos bens mais consumidos em todo o mundo. Porém, como o minério bauxita, de qual se extrai o metal alumínio, não é um produto infinito, um dia, se a sociedade continuar a agir desta maneira materialista, fará com que não teremos mais de onde extrair recursos para a própria sobrevivência, sendo este um fato que causará um grande impacto mundial.
Além de conseqüências deste tipo, há também uma grande degradação do meio ambiente, devido ao aumento desenfreado da produção em massa, e consumo, que gera uma grande quantidade de lixo, proporcionado pelo desperdício.
Grande parte do consumismo se deve à mídia, e ao modo de como se utiliza de seu grande alcance e poder para influenciar as pessoas, e lucrar, promovendo assim a disputa pela predominância em relação à cultura, que ignora os aspectos naturais, sociais, e globais. Sendo assim, faz com que cada vez mais a população compre desenfreadamente, massacrando o meio ambiente com suas crenças, rituais, e materiais, apenas visando o próprio lucro.
Se a mídia utilizasse de seu poder para inferir nas pessoas sobre culturas sustentáveis, teríamos um futuro garantido e uma vida melhor. Pois desta forma a sociedade se conscientizaria tanto sobre os aspectos naturais.
Reciclagem
A reciclagem do alumínio apresenta inúmeras vantagens em relação à extração do metal. Primeiramente, esta é interessante para o produtor, pois é muito mais barata que a extração e redução do metal, assim, proporciona um lucro muito maior. Além disso, a empresa pode usar como propaganda que é ecologicamente consciente, atraindo mais consumidores.
Já para o meio ambiente os benefícios são maiores ainda. Ao se reciclar 1 quilo de alumínio 5 quilos de bauxita não são retirados, assim, muita energia é poupada, já que para se reciclar o alumínio é necessário somente 5% da energia necessária para reduzir a alumina. Assim, é evitado que milhares de toneladas de CO2 sejam produzidas. Além disso, ainda é evitado que o metal seja descartado, sendo este reaproveitado.
Todo o processo gera empregos através das fábricas de reciclagem e outras empresas, como centros de revenda e transporte, incentiva a reciclagem de outros materiais e o desenvolvimento de uma consciência ambiental, e, da coleta até transporte de lingotes, gera emprego para mais de 180 mil pessoas no Brasil, o país com maior índice de reciclagem, superando o Japão em 1999 com 73%.
Considerações Finais
Apesar de o atual método utilizado para se produzir alumínio (eletrolise) ser o mais eficiente entre os metais, acaba sendo muito poluente em suas raízes, devido à produção de energia através de termoelétricas.
Desta maneira, as únicas soluções plausíveis e viáveis para este problema que afeta de forma tão degradante o meio ambiente, seriam aplicar projetos de construções de usinas hidroelétricas, que tem impactos mínimos para o meio-ambiente ou aumentar a reciclagem, deixando de destruir o meio ambiente, a partir da mineração, reaproveitando o alumínio, que não perde suas propriedades ao ser reciclado. As mídias também deveriam influenciar a população de forma positiva, inserindo culturas sustentáveis, diminuindo o consumismo, e, portanto, todo o problema. Mas tudo isso só seria possível, se os Governos apoiassem, e se fosse aplicado mundialmente.
Referências Bibliográficas
Alcoa. Sem Título. Disponível em: <http://www.alcoa.com/brazil/pt/custom_page/about_recy cling.asp> . Acesso em: 18 set. 2010.
Associação Brasileira de Alumínio. O alumínio: o alumínio primário. Disponível em: <http://www. abal.org.br/aluminio/producao_alupri.asp>. Acesso em: 18 set. 2010.
Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade. História de latinha. Disponível em: <http://www.abralatas.org.br/historia_nomundo.asp>. Acesso em: 18 set. 2010.
CABRAL, G. Consumismo. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/psicologia/consumismo. htm>. Acesso em: 18 set. 2010
GOMES, T. S. F., CARVALHO, R. G. e MENDES DA SILVA, C. L. 2º Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte Nordeste de Educação Tecnológica: Alumínio fundido e ferro fundido. O que usar?, 2007,  João Pessoa. Disponível em: <http://www.redenet.edu.br/publicacoes/arquivos/20080102 _142135_INDU-006.pdf>. Acesso em: 18 set. 2010.
IDRUINAS, L. Como funciona a reciclagem de latas de alumínio. Disponível em: <http://ambiente. hsw.uol.com.br/reciclagem-de-aluminio3.htm>. Acesso em: 18 set. 2010.
KOPEZYNSKI, M. C. G. e Netto L. F. Você sabe como se processa a eletrólise? Disponível em: <http://www.feiradeciencias.com.br/sala21/21_05.asp>. Acesso em: 18 set. 2010.
LAYLRGUES, P. P. O cinismo da reciclagem: o significado ideológico da reciclagem da lata de alumínio e suas implicações para a educação ambiental. Disponível em: <http://amda.org.br/objeto/ arquivos/87.pdf>. Acesso em: 18 set. 2010.
LIMA, R. R. e ROMEIRO, E. F. 3º Congresso Brasileiro de Gestão de Desenvolvimento de Produto: A reciclagem de materiais e suas aplicações no desenvolvimento de nossos produtos, 2001, Florianópolis. Disponível em: <http://www.iem.unifei.edu.br/sanches/Ensino/pos%20graduacao/ GPDP/artigos/Artigo%2012.pdf>. Acesso em: 18 set. 2010.
SANTANA, A. L. Consumismo. Disponível em: <http://www.infoescola.com/psicologia/ consumismo/>. Acesso em 18 set. 2010.
WEISS, J. M. G. A competitividade da indústria brasileira de alumínio. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 48-59, jan./mar. 1992. Disponível em: <http://www16.fgv.br/ rae/artigos/772.pdf>. Acesso em: 18 set. 2010.
VERRAN, G. O., KURZAWA, U. e PESCADOR, W. A. Reciclagem de Latas de Alumínio Visando Melhor Rendimento e Qualidade Metalúrgica no Alumínio Obtido. Revista Matéria, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 72-79, mar. 2005. Disponível em: <http://www.materia.coppe.ufrj.br/sarra/artigos/artigo 10635>. Acesso em: 18 set. 2010.


[1] 9º ano / 20040130, Arquidiocesano, São Paulo, SP, de__fut@hotmail.com
[2] 9º ano / 20070236, Arquidiocesano, São Paulo, SP, brunogol95@gmail.com
[3] 9º ano / 20040298, Arquidiocesano, São Paulo, SP, guilhermeys@uol.com.br
[4] 9º ano / 20060154, Arquidiocesano, São Paulo, SP, igorargani@terra.com.br
[5] 9º ano / 20090718, Arquidiocesano, São Paulo, SP, tpcousseau@yahoo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário